O proletário cubano se encontra, como qualquer outro, separado de todo meio de vida, de todo o meio de produção necessário para viver. Em Cuba, como em qualquer outro país latino-americano e do resto do mundo, o trabalhador enfrenta duras condições de sobrevivência, concentradas como forças alheias e hostis, inteiramente privado (propriedade privada significa exatamente isto!) de seus meios de vida. No latifúndio de Fidel Castro, a propriedade privada não foi abolida, mas concentrada e metamorfoseada juridicamente em propriedade estatal.
[Texto publicado em KAOS #0 08/97 (boletim aperiódico e experimental do Grupo Autonomia).]
"O estado, qualquer que seja sua forma, é apenas uma máquina a serviço do capital, o estado dos capitalistas."
Roig de San Martin – El Produtor de La Habana, 1888.
No mundo inteiro, o estado é o instrumento que o capital utiliza para reproduzir sua dominação. Os marxistas-leninistas de variadas genealogias e tinturas insistem em apresentar o regime cubano como uma exceção.
A política castrista, mera variante do stalinismo, gira em torno do estado. Em Cuba, o estado se apresenta como popular, operário, socialista, defensor dos interesses dos trabalhadores, distribuidor da riqueza e encarregado das mudanças no sentido do comunismo.
Mas a verdadeira revolução nada tem a ver com um 'governo operário'. O objetivo da luta do proletariado não é tomar o poder político, nem apoderar-se do estado para utilizá-lo em seu interesse. O estado, seja qual for a classe dominante, continuará reforçando o capital. Pretender utilizar o estado para servir ao proletariado é uma manobra reacionária da esquerda do capital. O estado nada mais é do que o capital concentrado, centralizado para reproduzir o sistema universal de escravidão assalariada.
Além de não ser exceção, Cuba é uma confirmação da regra. O estado cubano também exerce o monopólio da violência para assegurar a exploração e a opressão sobre os proletários, colocando-os à disposição do capital. O desarmamento do proletariado é um exemplo ilustrativo. O fato de que somente ao exército e à polícia seja permitido ter armas faz com que os trabalhadores se sintam permanentemente coagidos. Toda e qualquer tentativa de auto-organização dos trabalhadores é brutalmente reprimida.
Em Cuba, o ódio contra a escassez de gêneros de primeira necessidade e a miséria vigente é canalizada contra o imperialismo yankee e o bloqueio econômico, ou, eventualmente, a corrupção da burocracia. Nada de novo sob o sol: o descalabro da economia russa foi, durante muitos anos, apresentado como efeito da corrupção e da burocracia. Aqueles que faziam tais denúncias não eram apenas os trotskistas – esses infatigáveis 'apoiadores críticos' de todos os estados capitalistas tingidos de vermelho... Periodicamente, os membros do comitê central do partido-estado bolchevique também denunciavam, cumprindo o ritual leninista da crítica & autocrítica. Em resumo, tem-se feito todo o possível para ocultar que o verdadeiro mal é a sociedade capitalista e sua organização política: o estado.
O proletário cubano se encontra, como qualquer outro, separado de todo meio de vida, de todo o meio de produção necessário para viver. Em Cuba, como em qualquer outro país latino-americano e do resto do mundo, o trabalhador enfrenta duras condições de sobrevivência, concentradas como forças alheias e hostis, inteiramente privado (propriedade privada significa exatamente isto!) de seus meios de vida. No latifúndio de Fidel Castro, a propriedade privada não foi abolida, mas concentrada e metamorfoseada juridicamente em propriedade estatal.
Ao contrário do que dizem os apoiadores críticos e outros defensores do regime castrista, a revolução social é a destruição completa do mundo burguês e de suas reformas, dirigidas pelo estado e no interesse do capital, temperadas com amenas críticas à burocracia. Efetivamente a revolução social não consiste, antes, em conquistar a direção do estado para, depois, realizar uma série de reformas sócio-econômicas. Ao contrário, desde o início, a revolução social consiste em destruir o poder total (militar, econômico, político) da burguesia; em criar a comunidade humana mundial, baseada nas necessidades humanas e não nas necessidades do capital.
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